DESTRUINDO NOSSOS PRÓPRIOS IDOLOS
Estou acompanhando vagamente todo o desenrolar desse lance que está acontecendo com o Romário. Em recente entrevista o jogador disse palavras que, por mais que me espante dizer isso, soaram sábias e com um sarcasmo totalmente bem colocado. Segue o trecho a seguir, retirado do site do Globo Esporte:
“Não estou envergonhado de nada. Sei quem eu sou, e sou feliz. Atravesso uma turbulência, muitos já passaram por isso ou ainda vão passar. Sou um cara guerreiro e saudável. Vou continuar orando para o Papai do Céu me dar saúde. Não matei nem roubei ninguém. Queria deixar claro que não tenho nada a ver com a morte do Michael Jackson e nem fui eu quem trouxe a gripe suína para o Rio" - brincou.

E falando em Michael Jackson, impossível não fazer a correlação.
Por que Diabos a sociedade tem a necessidade de destruir seus próprios ídolos?
Romário, até bem pouco tempo atrás, era sinônimo de vitória, de superação, de mega-supra-fodisse. Fez a alegria de centenas de torcedores ao longo de sua carreira e sempre foi idolatrado por milhões de brasileiros. Mas bastou que alguma coisa acontecesse que abalasse sua vida pessoal, no caso a prisão por divida de pensão, que a população e mídia logo caíram de pau em cima do homem. Piadas, sarcasmos e a cruel sensação de prazer que surgiu nas pessoas para destronar o baixinho e joga-lo aos leões.
Então logo relaciono ao recém falecido Michael Jackson. Ele foi o rei do Pop por toda a década de 80, e era amado por todo o planeta. Rei, Deus, Ídolo. Recebeu todos os louros que poderia ter recebido. Mas a vida do astro foi tomando rumos cada vez mais estranhos, e logo o mundo fez o que faz de melhor: derrubou o cara lá de cima do pedestal que o colocaram, apenas para ter o prazer de vê-lo esborrachar-se de cara no chão. Acusações nunca comprovadas de pedofilia serviram para que ele fosse logo rechaçado como monstro e abominação. É muito mais delicioso para o sádico ser humano aceitar acusações e usa-las contra aquele que outrora admirava do que tentar ver todos os lados de uma situação.
Porém, depois de morto, todo o apedrejamento cessa. Novamente o ídolo é realocado em seu pedestal, infelizmente agora impossibilitado de aproveitar de sua posição.
Guga Kuerten foi o primeiro em Rolland Garros. Melhor tenista do mundo. Em um país que sequer sabia que existiam tenistas nele. Todas as televisões e revistas estampavam o manézinho da ilha. Mas... Nem tudo são flores e, como tudo na vida, Guga perdeu seu primeiro lugar. Foi o bastante para que fosse destronado e ridicularizado pela mídia, pelo povo que até então o tinha como herói. Ronaldo, o fenômeno, era o supra-sumo. Passou por dificuldades e virou piada. Tudo que conquistou foi colocado de lado, e o que importava era chamá-lo de gordo, de decadente. Retornou, e agora está em grande fase, novamente ovacionado pela massa e endeusado pela imprensa. Por quanto tempo?
E por que não falar de Rubens Barrichello? Considerado O PERDEDOR, looser mor do esporte brasileiro. É onde eu pergunto: quem
conseguiu chegar à posição dele? Quantas pessoas no Brasil chegaram a pilotar uma Ferrari em uma corrida de Fórmula 1? Independente de dinheiro, patrocínio, pistolão. É um representante de um povo excluído da grande maioria dos esportes mundiais, mas, pelo nosso gosto bizarro em chutar o palanque para ver quem está lá em cima cair, é alvo de chacota.
Sabe o que é mais irônico? Quem chama o piloto de perdedor e coitado é o mesmo que vive 8 horas por dia em um emprego que detesta para ganhar um salário que acha miserável e que provavelmente nunca lutou por nada na vida.
Quem são os grandes heróis brasileiros? Airton Senna. Mamonas Assassinas. Garrincha. Cazuza.
E o que eles têm em comum?
Morreram no auge.
Morreram antes que tivessem o mínimo declínio e o povo tivesse tempo de ironizá-los, diminuí-los e reduzi-los a muito menos do que eram antes de alcançarem o sucesso. Sucesso esse que a grande maioria (esmagadora eu diria) da população jamais vai alcançar.
E se o Senna estivesse vivo para perder a Pole Position para o Schumacher? Se os Mamonas
sobrevivessem para um segundo CD que não tivesse o mesmo sucesso que o arrebatador primeiro? Se Garrincha tivesse se tornado um velho jogador decrépito? Ou Cazuza perdesse sua aura de contestador maluco e gênio musical? É triste constatar que todos eles morreram para entrar para a história, enquanto a maioria vive para ser destruído por ela.
E de onde viria toda essa ânsia por destruir nossos ídolos?
Não sou nenhum psicólogo, sociólogo ou filosofo (ok, talvez um pouco filósofo), mas eu acho que conheço a resposta. Ou a imagino.
A maioria das pessoas é acomodada. Aceita a vida que lhes cabe sem muita discussão. Apegam-se a pequenas mediocridades e disso só tiram uma vidinha medíocre, sem grandes vitórias, sem grandes decepções. Raras pessoas têm força de vontade para lutar por seus sonhos. E quando atingem o sucesso, e tornam-se alvos dos refletores. Todos admiram sua capacidade de atingir seus objetivos e tornar-se o máximo.
Mas as pessoas se sentem diminuídas pelo sucesso alheio. O sucesso do próximo (ou não tão próximo assim) é um reflexo de seu fracasso, da estagnação de vidas sem glórias.
Se é divertido erguer sobre os ombros os heróis, é ainda mais prazeroso lança-los ao chão. A maioria se sente confortável ao jogá-los ao chão, pois sabe que nunca chegará ao topo.
É mais fácil nivelar por baixo do que lutar para chegar acima. E isso é lamentável.
Estou acompanhando vagamente todo o desenrolar desse lance que está acontecendo com o Romário. Em recente entrevista o jogador disse palavras que, por mais que me espante dizer isso, soaram sábias e com um sarcasmo totalmente bem colocado. Segue o trecho a seguir, retirado do site do Globo Esporte:
“Não estou envergonhado de nada. Sei quem eu sou, e sou feliz. Atravesso uma turbulência, muitos já passaram por isso ou ainda vão passar. Sou um cara guerreiro e saudável. Vou continuar orando para o Papai do Céu me dar saúde. Não matei nem roubei ninguém. Queria deixar claro que não tenho nada a ver com a morte do Michael Jackson e nem fui eu quem trouxe a gripe suína para o Rio" - brincou.

E falando em Michael Jackson, impossível não fazer a correlação.
Por que Diabos a sociedade tem a necessidade de destruir seus próprios ídolos?
Romário, até bem pouco tempo atrás, era sinônimo de vitória, de superação, de mega-supra-fodisse. Fez a alegria de centenas de torcedores ao longo de sua carreira e sempre foi idolatrado por milhões de brasileiros. Mas bastou que alguma coisa acontecesse que abalasse sua vida pessoal, no caso a prisão por divida de pensão, que a população e mídia logo caíram de pau em cima do homem. Piadas, sarcasmos e a cruel sensação de prazer que surgiu nas pessoas para destronar o baixinho e joga-lo aos leões.
Então logo relaciono ao recém falecido Michael Jackson. Ele foi o rei do Pop por toda a década de 80, e era amado por todo o planeta. Rei, Deus, Ídolo. Recebeu todos os louros que poderia ter recebido. Mas a vida do astro foi tomando rumos cada vez mais estranhos, e logo o mundo fez o que faz de melhor: derrubou o cara lá de cima do pedestal que o colocaram, apenas para ter o prazer de vê-lo esborrachar-se de cara no chão. Acusações nunca comprovadas de pedofilia serviram para que ele fosse logo rechaçado como monstro e abominação. É muito mais delicioso para o sádico ser humano aceitar acusações e usa-las contra aquele que outrora admirava do que tentar ver todos os lados de uma situação.
Porém, depois de morto, todo o apedrejamento cessa. Novamente o ídolo é realocado em seu pedestal, infelizmente agora impossibilitado de aproveitar de sua posição.
Guga Kuerten foi o primeiro em Rolland Garros. Melhor tenista do mundo. Em um país que sequer sabia que existiam tenistas nele. Todas as televisões e revistas estampavam o manézinho da ilha. Mas... Nem tudo são flores e, como tudo na vida, Guga perdeu seu primeiro lugar. Foi o bastante para que fosse destronado e ridicularizado pela mídia, pelo povo que até então o tinha como herói. Ronaldo, o fenômeno, era o supra-sumo. Passou por dificuldades e virou piada. Tudo que conquistou foi colocado de lado, e o que importava era chamá-lo de gordo, de decadente. Retornou, e agora está em grande fase, novamente ovacionado pela massa e endeusado pela imprensa. Por quanto tempo?
E por que não falar de Rubens Barrichello? Considerado O PERDEDOR, looser mor do esporte brasileiro. É onde eu pergunto: quem
conseguiu chegar à posição dele? Quantas pessoas no Brasil chegaram a pilotar uma Ferrari em uma corrida de Fórmula 1? Independente de dinheiro, patrocínio, pistolão. É um representante de um povo excluído da grande maioria dos esportes mundiais, mas, pelo nosso gosto bizarro em chutar o palanque para ver quem está lá em cima cair, é alvo de chacota.Sabe o que é mais irônico? Quem chama o piloto de perdedor e coitado é o mesmo que vive 8 horas por dia em um emprego que detesta para ganhar um salário que acha miserável e que provavelmente nunca lutou por nada na vida.
Quem são os grandes heróis brasileiros? Airton Senna. Mamonas Assassinas. Garrincha. Cazuza.
E o que eles têm em comum?
Morreram no auge.
Morreram antes que tivessem o mínimo declínio e o povo tivesse tempo de ironizá-los, diminuí-los e reduzi-los a muito menos do que eram antes de alcançarem o sucesso. Sucesso esse que a grande maioria (esmagadora eu diria) da população jamais vai alcançar.
E se o Senna estivesse vivo para perder a Pole Position para o Schumacher? Se os Mamonas
sobrevivessem para um segundo CD que não tivesse o mesmo sucesso que o arrebatador primeiro? Se Garrincha tivesse se tornado um velho jogador decrépito? Ou Cazuza perdesse sua aura de contestador maluco e gênio musical? É triste constatar que todos eles morreram para entrar para a história, enquanto a maioria vive para ser destruído por ela.E de onde viria toda essa ânsia por destruir nossos ídolos?
Não sou nenhum psicólogo, sociólogo ou filosofo (ok, talvez um pouco filósofo), mas eu acho que conheço a resposta. Ou a imagino.
A maioria das pessoas é acomodada. Aceita a vida que lhes cabe sem muita discussão. Apegam-se a pequenas mediocridades e disso só tiram uma vidinha medíocre, sem grandes vitórias, sem grandes decepções. Raras pessoas têm força de vontade para lutar por seus sonhos. E quando atingem o sucesso, e tornam-se alvos dos refletores. Todos admiram sua capacidade de atingir seus objetivos e tornar-se o máximo.
Mas as pessoas se sentem diminuídas pelo sucesso alheio. O sucesso do próximo (ou não tão próximo assim) é um reflexo de seu fracasso, da estagnação de vidas sem glórias.
Se é divertido erguer sobre os ombros os heróis, é ainda mais prazeroso lança-los ao chão. A maioria se sente confortável ao jogá-los ao chão, pois sabe que nunca chegará ao topo.
É mais fácil nivelar por baixo do que lutar para chegar acima. E isso é lamentável.





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