quinta-feira, 26 de março de 2009

De fora da panela

Essa é a coluna escrita por voce, leitor do blog, que viu, leu, ouviu, pensou, etc... algo legal por ai e quer dividir com a gente. O tema é livre, se coça ai e manda seu texto para uarevaa@gmail.com. Hoje o Fábio Farro de Castro colabora conosco levantando uma interessante questão...

Precisamos De Super-Heróis Brasileiros?

Ou melhor, há espaço para esse gênero em nosso país? Estive discutindo isso com uns amigos meus no MSN, pois sou um, como posso dizer, roteirista amador e pretendo lançar não só uma HQ e sim uma linha inteira ou o nome correto seria selo? Bom, sou Fabio Farro de Castro (ainda não tenho nick, por isso o nome completo, = P) e vocês já devem ter visto os meus comentários no MDM, 100Grana, Judão, aqui no Uarévaa e em alguns outros blogs/sites que não me lembro no momento.
Vamos voltar ao assunto em questão. O gênero de Super-heróis sempre esteve associado à cultura americana, obviamente por ter surgido lá (Dãããã..., você provavelmente me responde. Me deixa terminar antes, catzo!), mas a questão que permanece até os dias de hoje é porque personagens criados aqui, desse gênero, não fazem sucesso.

Digo, não tem a devida divulgação e até, porque não dizer, distribuição. Vocês devem estar respondendo: “Isso é mentira! E o Homem-Grilo? O Cometa? Etc...”, se não fosse pela a Internet ou / e revistas especializadas nós nunca ficaríamos sabendo desses personagens. Para vocês terem uma idéia, na banca perto da minha casa não tem nenhum quadrinho nacional de super-heróis, de nacional só Turma Da Mônica (original e a Jovem “massa, véio”). E quais seriam os problemas?

Falta de qualidade? Não, tem muito produto bom aí, mas raramente uma editora arrisca em publicar e as que publicam são as editoras pequenas que não dão a divulgação apropriada para a HQ.
Preconceito por parte do público? Na minha opinião, acho que sim, pois muitos consideram o produto nacional como inferior.
Falta de apelo com o público? Sim, porque as editoras visam mais o público infanto-juvenil que está mais interessado em anime/manga do que em super-heróis e isso quando resolvem ler.
Falta de ousadia das editoras? Sim. Apesar de que a maioria dos super-heróis brasileiros atuais, incluindo o Homem-Grilo, enveredam para o humor.

O que isso tem a ver? A maioria das Hqs nacionais desse gênero que são divulgadas ou são humorísticas ou são didáticas, algo tipo “O Encapuzado Contra A Dengue!”.

Como o livro A Saga Dos Super-Heróis Brasileiros, de Roberto Guedes, mostra o Brasil tem uma extensa lista de personagens que na época não receberam a devida atenção. Se tivessem recebido (ou tivesse um editor ousado aqui), teriam criado uma linha de Super-Heróis brasileiros e levado à idéia adiante. Mas não, tratavam aquilo como bobagem e logo eles sumiram nos anos 80 para dar lugar exclusivamente a Super-Heróis americanos. Você pode dizer que eles eram infantis, bobos e meras cópias dos americanos, mas duvido que você sabia que o Judoka (a versão brasileira que fique bem claro) era a favor da Ditadura. Poderia se criar uma ótima historia do Judoka, hoje em dia, se baseando nisso. Outro problema é que não deram incentivo, os personagens eram considerados simples cópias, foram relegados ao esquecimento e não se criou uma tradição, no mainstream, de Super-Heróis brasileiros.

Agora estamos em uma época perfeita para revitalizar o gênero aqui. Por que? Querendo ou não, tenho que concordar com um amigo que as Hqs lá foram estão em decadência, vide One More Day e Countdown, só para ficar no lixo puro! Os leitores estão começando a se cansar de longas sagas e cronologia toda complexa. Quem acompanha mesmo hoje em dia são, na maioria, leitores acima dos 18 anos. E isso sem falar na dificuldade de nos identificarmos com os personagens.

Talvez seja porque eu quero entrar no mercado, mas acho que o gênero pode funcionar sim no Brasil. O negócio não é só jogar um monte de personagens com superpoderes em um ambiente brasileiro. Os leitores têm que se identificar com eles, os personagens devem ter os mesmos problemas e etc.
É isso. Se os leitores se mostrarem (mais) interessados, quem sabe as editoras resolvam publicar mais hqs de Super-Heróis nacionais e de qualidade?

Se acharem erros, culpe o Word do Ruindows XP e o Bill Gates. Escrevi muito, mas não cheguei uma conclusão, fazer as pressas dá nisso. E caso o Algures se ausentar, me candidato para a vaga dele! = P